domingo, 30 de junho de 2019

Leia meu conto "Quando Tudo Começou a Mudar" na Amazon


Meu conto “Quando Tudo Começou a Mudar” está à venda na Amazon, por apenas R$ 4,99 ou, se você for assinante do Kindle Unlimited, pode ler de graça: https://amzn.to/2FvYAsO

Confira abaixo o trailer do livro:


Sinopse: A vida de Teo está uma bagunça. Ele enfrenta problemas na profissão e também no amor. Numa fuga do ritmo frenético que leva sua vida, decide ficar recluso por uns dias na chácara da sua avó, a fim de espairecer, antes de ter que encarar os seus problemas de frente. Lá conhece Gael, vizinho que tem ajudado sua avó a cuidar da chácara, que no momento está sem caseiro. Os dois se aproximam durante a estadia de Teo no lugar e, juntos, refletem sobre como estão suas vidas naquele momento e como poderão mudar o rumo de suas trajetórias.
"Quando Tudo Começou a Mudar" é um conto de romance com temática LGBT, que propõe uma reflexão sobre o sentido e o rumo que queremos para as nossas vidas, no ritmo frenético da era da tecnologia e da internet, e sobre os encontros que a vida nos proporciona. Uns agradáveis, outros nem tanto.


Leia o Capítulo 1 gratuitamente no Wattpad: https://w.tt/2RwBgjg

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Ainda existe paquera sem os aplicativos?


O ano era 2008 e, no auge dos meus dezenove anos, eu estava cursando quarto ou quinto período de Sistemas de Informação e pegava ônibus todos os dias no ponto que ficava há algumas quadras da casa onde morava dividindo aluguel com uma amiga. Saía por volta de umas seis e quinze da tarde e caminhava uns quinze minutos até o ponto, para pegar o ônibus das seis e meia. Chegava um pouco adiantado, por medo de perder o ônibus, e aproveitava o tempo para conversar, fazer amizades... E por que não flertar?!
Bem... Sempre fui meio tapado para esse lance de paquera. Na realidade, com dezenove anos eu ainda era um adolescente franzino, com o rosto cheio de espinhas, super inseguro com a própria aparência e sem autoconfiança suficiente para ultrapassar o limite da troca de olhares. Eis que nesse ponto surge o Adriano, um estudante de Educação Física com seus vinte e poucos anos, alto, moreno, forte. Não costumava vê-lo com frequência lá no ponto, mas houve uma semana em que ele pegou ônibus todos os dias e a partir daí começou nossa troca de olhares. Não trocávamos uma palavra sequer, apenas olhares enquanto esperávamos o ônibus, até que um dia, dentro do ônibus, no caminho para a faculdade, eu estava sentado no fundo, conversando com uma amiga, quando percebi que o Adriano, que estava num banco no meio do ônibus, virou-se de lado em sua poltrona e, com a cabeça virada para trás, ficou me observando descaradamente e sorria discretamente.
Eu nunca havia dado atenção para troca de olhares. Se uma pessoa me olhava de um jeito diferente, eu já imaginava várias possibilidades do tipo "eu devo estar super mal vestido" ou "devo estar com caca no nariz". Na minha cabeça, dificilmente uma pessoa poderia estar me olhando com segundas intenções, mas no caso do Adriano, naquele dia dentro do ônibus, ficou bem claro que definitivamente havia segundas intenções.
Naquela época, a rede social mais utilizada era o Orkut. Quando cheguei em casa após a aula e liguei o computador, vi um convite de amizade do Adriano no Orkut. A partir daí começamos a conversar, trocamos número de telefone e, bem... Adriano foi o meu primeiro namorado.


Essa foi uma das poucas situações na minha vida em que um flerte aconteceu fora da atmosfera da internet. Sempre que quero conhecer alguém, recorro a sites e aplicativos como o Tinder ou Grindr e Scruff, que são voltados especificamente para gays, mas preciso assumir que não tem rendido experiências saudáveis. A atmosfera dos aplicativos de paquera é tão fria e, por vezes, tóxica. São como vitrines em que nos expomos por vontade própria, muitas vezes sem considerar o quão vulneráveis estamos naquele momento para lidar com a superficialização e objetificação da nossa imagem através de fotos que precisam ser estrategicamente escolhidas para o perfil, a fim de chamar atenção de quem as verá. E o que falar da rejeição instantânea? É preciso estar muito bem com a autoestima para lidar com vácuos e blocks, que sempre acabam acontecendo, pois as pessoas se sentem encorajadas a ignorar quando algo não agrada, seja uma foto, uma descrição de perfil ou mesmo uma conversa, pelo fato de não estar cara a cara. Fica muito mais fácil e prático acabar com uma situação desagradável num piscar de olhos, através de um clique, escondido atrás do um computador ou smartphone.
Além disso, quer queira ou não, acho que o lance da paquera cara a cara acaba sendo mais fácil para os heterossexuais do que para homossexuais. Isso explica o fato da maioria dos homossexuais utilizarem aplicativos e de existir uma grande demanda mercadológica por aplicativos de paquera especificamente focados no público gay. Muitas barreiras precisam ser derrubadas na paquera cara a cara, como timidez e o medo de rejeição, mas no caso dos homossexuais, adicione a gafe de chegar abordando um cara que não é gay. Em certas circunstâncias, pode ser até perigoso, pois nunca se sabe quando uma pessoa vai tomar uma atitude homofóbica.
A mídia vende a ideia de usar os aplicativos de paquera como algo mais prático e até descolado, mas a realidade é que não é assim para todos, pois quando você se acostuma a essa forma de paquerar, conhecer pessoas e ter encontros, sente que falta algo. Interação real, o frio na barriga durante uma troca de olhares, o jogo de conquista, a sensação de se sentir desejado por seus atributos reais em vez de por uma série de fotos escolhidas estrategicamente para ilustrar um perfil ou de uma descrição da sua personalidade limitada por cento e poucos caracteres.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Desativei minhas redes sociais e estou sentindo os efeitos do FOMO (Fear of Missing Out)


No último post que havia feito aqui, falei sobre detox de redes sociais. Pois bem! Decidi fazer mais que isso: desativei minhas redes sociais [Instagram e Twitter, para ser mais específico] e tenho me sentido bem sem elas até então. Não tive tanta resistência em desativar o Instagram, pois ultimamente não estava fazendo muito sentido para mim ter uma conta lá. Já não publicava mais fotos no feed com frequência, mas por ter uma conta lá, meio que ficava me forçando a encontrar fotos ou motivos para publicar, e comecei a não achar isso saudável para mim. Além disso, me sentia desconfortável com o fato de que as fotos que geralmente ganhavam mais curtidas eram as que nem sempre tinham um significado tão importante para mim. Compartilhar coisas que têm um significado especial com pessoas que não compreendem esse significado, ou que compreendem, mas não dão a mínima, começou a fazer com que eu me sentisse mal e isso se intensificou pelo fato de eu utilizar bastante os stories, mas comecei a me incomodar com o fato de muitas pessoas visualizarem meus stories, mesmo minha conta sendo privada, mas pouquíssimas delas interagiam comigo. Comecei a pensar: "Essas pessoas não são meus amigos e sequer estão interessadas em ser. Eles só acompanham minha vida, e o pior: eu entrego de bandeja a minha vida para elas acompanharem". Chegou a um ponto que mexer no Instagram se tornou mais uma coisa que eu utilizava para preencher meu tempo de forma improdutiva e não muito saudável psicologicamente, rolando o feed e vendo fotos e notícias que me afetavam mais negativamente do que positivamente, me geravam ansiedade e mudavam o meu humor. As coisas boas que o Instagram ainda me proporcionava, como ver fotos de plantas e consumir conteúdos sobre música, receitas de comidas e itens de DIY (Do It Yourself), são o tipo de conteúdo que consigo consumir através de outras plataformas que considero menos tóxicas, como o Pinterest ou o YouTube.
Sobre o Twitter já não posso dizer a mesma coisa, pois é a rede social que eu tinha há mais tempo, quase dez anos, e eu utilizava bastante para expressar minha opinião sobre diversos assuntos. Acho que Twitter é a rede social que eu utilizava de forma mais responsável e saudável. Com o passar do tempo, diminuí o número de pessoas que eu seguia lá, ao ponto de manter somente aqueles que publicavam coisas que me agregavam algo de positivo, utilizava a plataforma para me manter informado sobre notícias da atualidade ou para ver o que estavam falando sobre assuntos do meu interesse, como um filme ou uma série do momento. O grande problema que comecei a ver no Twitter e que tornou a experiência com ele um tanto tóxica para mim nos últimos meses foi a funcionalidade que mostra na timeline tuítes que os meus seguidores curtiram. Acho desnecessário aparecer para mim posts que os meus seguidores simplesmente deram um like, sabe? Isso acaba deixando a timeline muito carregada com informações aleatórias. Outro fator que pesou na hora de desativar o Twitter, que eu gosto tanto, foi o fato de que ultimamente eu falo sozinho lá. Percebi que criei uma rede de seguidores que não se interessam ou não se identificam de verdade com as coisas que eu tuíto, com as experiências que eu vivencio e falo a respeito lá ou com as opiniões que eu compartilho sobre determinados assuntos. Para mim, foi bem frustrante me sentir isolado em uma rede social com mais de quatro mil seguidores. No decorrer dos dez anos que estou no Twitter, muitos devem ter abandonado suas contas.
Hoje pela manhã tive uma recaída. Recebi uma notícia maravilhosa e senti uma enorme vontade de tuitar a respeito, então reativei a conta no Twitter e escrevi sobre essa notícia maravilhosa, mas depois tive uma sensação horrível de estar compartilhando uma notícia que me deixou tão feliz e radiante com pessoas que não dariam a mínima, então desativei a conta novamente. Acho que o que eu senti foi efeito do FOMO ou Fear of Missing Out, que em português pode ser traduzido como "medo de estar perdendo algo" ou "medo de estar por fora", algo que muitas pessoas sentem ao sair das redes sociais, sentem que perdem um espaço onde poderiam compartilhar informações e receber likes, algo que, de certa forma, a gente acaba condicionando como uma espécie meio distorcida de validação, mas que a gente não precisa. Se eu me sinto bem com a minha aparência, não preciso publicar uma selfie no Instagram e receber likes para me sentir bem com o fato de gostar da minha aparência. Se eu estou em um lugar legal me divertindo com meus amigos, não preciso publicar isso nas redes sociais e mostrar para os outros [que não vão dar a mínima]. Sinto que quando faço ou desejo fazer ago assim, é como se eu estivesse desesperado por migalhas de atenção que vão vir em forma de likes ou de visualizações, ou que simplesmente não vão vir e isso vai me frustrar e me fazer achar que eu não sou uma pessoa de conteúdo, divertida, bonita... Enfim, que eu não tenho atributos para que essas pessoas se interessem por mim, mas isso tá super errado, porque mesmo se eu não tiver esses atributos, eu ainda sou merecedor de amor, carinho e atenção. E eu não preciso da validação dos outros para me sentir merecedor, e não preciso buscar perfeição e mostrar essa perfeição. Enfim, para mim, tudo isso são os efeitos do FOMO falando mais alto que a minha sensatez ao utilizar as redes sociais.


Bom... Seguirei com as redes socais desativadas. Não sei se isso vai ser para sempre ou algo temporário. Vamos ver até onde vou conseguir levar isso adiante, mas acho que, no momento, estou precisando ficar afastado dessas plataformas que estão me fazendo mais mal do que bem.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Detox de redes sociais


Venho refletindo seriamente sobre como as redes sociais têm me afetado de forma negativa. O tempo excessivo que passo em plataformas como Instagram e Twitter afetam não só a minha produtividade no dia a dia, mas também a minha saúde mental. Vivo em uma relação de amor e ódio com as redes sociais, pois ao mesmo tempo que sei o quanto me afetam negativamente, tenho consciência de que não consigo me ver sem redes sociais. Gosto da praticidade que elas me proporcionam para me manter informado sobre assuntos diversos, já que não assisto muita televisão [nem tenho TV em casa], ou o espaço que me dão para expressar a minha opinião sobre assuntos como música, cinema, literatura e até mesmo questões sociais importantes, como militância LGBT ou política, e eu gosto de conhecer pessoas e trocar uma ideia sobre assuntos em comum. De maneira geral, eu gosto do universo das redes sociais, mas algumas coisas nesse universo fazem com eu me sinta mal. Sendo assim, nada mais justo e lógico que buscar mecanismos para minimizar esses aspectos prejudiciais das redes sociais. Afinal, quase sempre os aspectos negativos não estão exatamente nas redes sociais, mas na maneira como as utilizamos.
Já fui do tipo que, assim que surgia uma nova rede social, corria logo para criar uma conta e ser um dos primeiros a utilizar. No entanto, desde 2015, quando decidi deletar meu perfil no Facebook, venho reavaliando constantemente a maneira como as utilizo e, diante de recentes percepções sobre como principalmente Instagram e Twitter têm afetado o meu bem-estar, decidi fazer um detox de redes sociais na minha vida. Se você ainda não sabe como funciona um detox de redes sociais, assista a esse vídeo maravilhoso em que a Fe Neute, dona do canal Feliz com a vida no YouTube, conta sua experiência com vício em redes sociais:


Brené Brown, doutora em estudos sociais e autora do livro A Coragem de Ser Imperfeito, afirma que nós “estamos aqui para criar vínculos com as pessoas. Fomos concebidos para nos conectar uns com os outros. Esse contato é o que dá propósito e sentido à nossa vida e, sem ele, sofremos.” (BROWN, 2012, p. 12) Ao projetarmos esse pensamento para as redes sociais, percebemos o quanto estas superficializam muitos aspectos das relações humanas, e esses aspectos, como reduzir elogios em uma foto a likes e quantificá-los, podem afetar alguns positivamente ou negativamente, a depender do que motiva uma pessoa a estar nas redes sociais e a utiliza-las.
Comecei a utilizar redes sociais em 2004, no ápice do Flogão e do Orkut. Com quinze anos de idade naquela época, eu comecei a utilizar redes sociais para me sentir incluído naquele universo descolado que a maioria das pessoas na minha escola já faziam parte. De lá para cá, o motivo de eu continuar utilizando redes sociais foi sendo ressignificado, e percebo que atualmente o que me motiva a estar nas redes sociais é estabelecer e manter vínculos baseados em reciprocidade, com pessoas que eu conheço pessoalmente ou não, mas que têm interesses em comum comigo. E analisando o meu Instagram e o meu Twitter ultimamente, noto muitas pessoas que eu até conheço pessoalmente, mas não mantenho vínculos baseados em reciprocidade, e até temos interesses em comum, mas não trocamos uma ideia a respeito, talvez por preguiça ou por desinteresse mesmo. Em outras palavras, para estas pessoas, eu talvez só represente um número. Assim, meu detox se baseia em basicamente buscar no meu Instaram essas pessoas que são somente um número: com quem eu não converso ou que não interagem comigo, que visualizam os meus stories religiosamente, mas que não curtem nada no meu feed, e por aí vai.
Vai ser fácil? Sinceramente, não. Às vezes, eu olho para o perfil de alguma pessoa que me segue e eu a sigo de volta no Instagram, mas essa pessoa não costuma curtir as minhas publicações ou conversar comigo. Aí eu penso: “Essa é uma pessoa para deixar de seguir ”, mas aí eu lembro que eu já encontrei essa pessoa uma vez na rua e ela foi gentil comigo, ou que em uma tarde de terça-feira em 2016 ela me mandou um emoji de 👍🏼 quando publiquei uma foto do filme que estava assistindo, e isso faz com eu me sinta mal, como se eu tivesse destruindo uma amizade em potencial, uma relação que poderia ter mais profundidade. É como se a pessoa, por ter sido gentil uma vez na vida comigo, não merecesse o unfollow. Porém, não sei se é o mesmo sentimento que a pessoa tem sobre mim.
É difícil porque é uma decisão de deixar de seguir pessoas, e pessoas têm sentimentos. Além disso, para algumas pessoas hoje em dia levar um unfollow é considerado uma ofensa gravíssima, mas é aí que entram algumas questões importantes:
1. Ser gentil e respeitoso é o mínimo que se espera de uma pessoa. Não tem que se sentir em débito só porque alguém foi gentil e respeitoso com você. Isso é o mínimo que se espera de uma pessoa decente e íntegra.
2. Tenho um amigo que sempre diz que, se ele conhece alguém na vida real e essa pessoa o segue numa rede social, mas não cria conteúdos que lhe interessam, ele não vê porquê segui-la de volta, e faz muito sentido.
3. Se uma pessoa não lhe inspira ou não lhe dá atenção nas redes sociais, mesmo que você lhe dê atenção, não há motivos para manter essa pessoa nas suas redes sociais só por receio em desagrada-la. Pode parecer egoísta, mas colocar os sentimentos e o bem-estar dos outros à frente dos nossos, em certas circunstâncias é nos condicionar a aceitar uma angústia só para não ter que desagradar o outro, e isso não é justo tampouco saudável consigo.
Bom... Espero conseguir pôr tudo isso em prática e implementar o meu detox.

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Eu me sinto perdido


Eu me sinto perdido. Essa tem sido a melhor frase para definir como venho me sentindo, e eu gostaria de poder responder "Eu me sinto perdido" sempre que alguém me pergunta "Tudo bem?" ou "Como vai?", mas a maioria das pessoas perguntam isso por educação. Elas não estão realmente preocupadas com você. No máximo, elas esperam que você responda com coisas boas e as conte o que tem feito, para que elas fiquem por dentro do que está acontecendo na sua vida. É isso o que a maioria delas quer. De toda forma, não me sinto perdido por isso. Não é pela falta de pessoas que realmente se importam na minha vida. Talvez seja por falta de um senso de direção, de não saber para onde ir, de ter muitos caminhos e, ainda assim, não conseguir decidir por qual deles caminhar. E, claro, por não estar me sentindo feliz trilhando o caminho no qual estou agora.
Medo, angústia, ansiedade, dúvidas... Muitas dúvidas! Acho que nunca tive tantas incertezas na vida, mas espero, em breve, me encontrar novamente.